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terça-feira, 6 de julho de 2010

Sobre mim...

Por Paula Laub

Sobre mim mesma...

Uma vez eu cheguei bem perto de escrever como eu sou, ou pelo menos quem eu acho que eu sou, mas isso me parece bem mais difícil agora, talvez porque eu não queria repetir as mesmas coisas que eu falei daquela outra vez, não que eu ache que alguém vá lembrar, mas vai entender, o problema é que eu sou a mesma, um pouco mais confiante quem sabe, mentira! Não que eu não confie em mim mesma, mas eu tenho tanto medo de errar, a vida é uma só, eu penso que seja pelo menos, e se eu perder muito tempo errando pode ser que não sobre tanto tempo pra aproveitar, mas o que é aproveitar?
Nossa que coisa sem graça, eu não queria fazer perguntas no meu texto que deveria dizer quem eu sou, porque se eu não sei alguma coisa sobre mim, ninguém saberá, muito menos você que está lendo justamente pra tentar entender certo? certo! Pois é, eu tenho essa mania de perguntar e responder, porque na verdade eu gosto de ouvir as pessoas e entender tudo o que elas tem a me dizer, mas eu acabo fazendo as coisas sempre do meu jeito, por falar em jeito eu não poderia deixar de falar do meu signo, é touro, elemento terra e ele diz tanta coisa sobre mim, tem gente que não acredita muito nessas paradinhas de horóscopo, tarot, mas eu acredito, apesar de ser católica e bem resolvida religiosamente falando. Nossa cara, ultimamente eu tenho ouvido tanta coisa, tanta bobagem, tanta música, e eu amo bobagem e amo música, e muitas pessoas dizem que meu gosto é estranho, mas eu gosto, e é isso o que importa. Eu tenho 1,57m, na verdade eu acho que eu tenho 1,58m, mas minha mãe disse que não é, então eu respeito, meus cabelos são compridos e eu nunca estou satisfeita com eles e acho que nunca estarei, tô acima do peso ideal, que eu ainda não sei qual é e não consigo mexer os dedos do pé, fora que morro de agonia quando vejo alguém mexendo os seus, a verdade é que eu nunca entendi o real motivo de mexer os dedos do pé, eu juro que eu sou feliz desse jeito. Eu tô sempre cantando, apesar de que muitos dizem que eu canto mal, garanto que é invejinha, haha, eu sou destra não consigo fazer nada direito com a mão/pé/braço/perna esquerda, e olha que eu já tentei, meu sonho era ser canhota quando eu era mais nova, só fui mudar de idéia quando li em algum lugar que conhotos vivem menos, o que eu não sei se é verdade, a verdade é que eu quero um filho ruivo, e dar certo em alguma coisa que eu venha a fazer no futuro, quem sabe eu não apareça no Jô um dia desses, haha, acho ele super divertido. Tô com sono, amanhã tenho que acordar cedo, beijo gente ;*
aniversário:27 abril


segunda-feira, 5 de julho de 2010

Ricardinho PKP...

Carta a minha Prima...

Prima, tudo bem? Acordei com saudades de você... Olhando para o tempo passado, como se olhar para o tempo fosse fácil! E é, pois apesar de parecer tão longe e que talvez nunca tenha acontecido porque a gente parece não valorizar o que nos aconteceu, muito menos dar à importância merecida as boas lembranças que nos transformam em pessoas melhores e por fim afirmam nossa existência. A vida passou então a gente deixa passar. Houve época, vou te confessar, em que eu era um cara, modéstia a parte, muito conhecido, e você tem culpa. Compunha uma categoria de celebridade, como posso dizer? Totalmente anônima e ao mesmo tempo reconhecida diante de certos nichos sociais. E ser famoso, querida prima, dentro deste limite e quando essa diferenciação é positiva, torna-se muito bom, pois nos dá uma notoriedade sempre acima da realidade a que sua própria personagem abstrata, criada dentro do imaginário inconsciente popular; e obvio, respeitando os entraves da natureza, que de maneira cruel nos apresenta de fato, coloca-nos servis de sua verdade, que a partir daí passa a ser a verdadeira verdade.

___Eu digo o seguinte: “Não existe ninguém tão feio e chato, que não seja bonito aos olhos de alguém que seguindo um conceito concebido pelo imaginário coletivo e assim definido, acaba por acreditar que realmente você é aquilo que todos dizem...

Como explicar? Simples, imaginemos uma figura que é você, que ao mesmo tempo é uma imagem de você mesma, reconhecida através de outra pessoa. Era mais ou menos isso que eu era, ou seja, mais ou menos uma referencia. Não ficou difícil de entender, ficou? Vou melhorar a explicação.

1976, bons tempos aqueles. Fazem milhões de anos, anos luz, pois se passaram muito rápido. E aqui nesta cidade, você deve lembrar não é prima? Não existia ainda o calçadão no centro da cidade, e no lugar deles, ruas, onde transitavam os carros. Bem por ali, a sorveteria Roma e seu sorvete com gelatina coloridinha em quadradinhos deliciosos, sobrepostos ao sorvete. Nem em São Paulo vi isso, te juro. Falar de locais, e momentos que se passaram é bem emocionante, revivermos o que fomos, e hoje claro, não somos mais, somos um pedaço disso, do que queríamos ser quando jovens e do que nos transformamos e ainda vamos nos transformar. Nada é igual ao Sayonara e o rio coxipó, limpo e conservado, aonde as pessoas iam para tomar banho, coisa que ninguém lembra mais e até duvidam, tomávamos aquela água em natura de tão limpa. Para informação dos mais novos e para a lembrança dos mais velhos e esquecidos, passava-se por aquele caminho para ir-se a Chapada dos Guimarães, seguia-se entre muitas chácaras e seus cajueiros carregados. Todos nós crianças prima, na carroceria do pick-up C14, do seu pai. Fomos muitas e muitas vezes, era muito bom. Sinto o cheiro do carro, dos cajus e do ar livre. O sentimento de liberdade e alegria, de aventura e vida. Depois um pouco mais tarde, já adolescentes, freqüentávamos a Praça do Chopão, o Koxixo, o Beco Batidas, aquele cabeleireiro loiro, Chamoá? É isso? Lembra? Como aproveitei, naquela época, pedia-se em namoro as meninas. Apaixonávamos-nos, acho que hoje também, não mudou quase nada nesse item.

Você morava no inicio da Coxim, aqui na nossa Cuiabá, mais sua do que minha. Eu cheguei e fui morar a mais ou menos quatrocentos metros adiante, por um tempo. Logo depois você foi e ficou um tempo no Rio de Janeiro, uma carioca de chapa e cruz, estou certo? Quando voltou, era a mesma. Na verdade são muitas lembranças boas. Aconteceu uma vez quando fui a sua casa, entrei naquela varandinha aconchegante e fresca devido à sombra de uma árvore que cobria quase a todo o jardim, logo na porta de entrada, numa espécie de hall, vi o danado do telefone de louça preto, com seus possíveis seis quilos e oitocentos gramas, campainha de bombeiro e insuportavelmente único! Não sei dizer ao certo porque eram feitos com aquela potencia exagerada, talvez acreditassem, os fabricantes, que as pessoas fossem surdas e precisassem exercitar os braços dos seus consumidores. O aparelho tinha também um designer todo imponente, grande, nada ergométrico e por fim, como sempre dono do mesmo local, tinha seu cantinho reservado.

Lembro bem de você prima, ali grudada nele entre aspirais negras, naquela atitude juvenil e adolescente, linda, ansiosamente falando muito, como sempre. Lógico, para os poucos que não te conheceram daquela época vale dizer que você era dotada de uma personalidade muito forte, apesar de sua aparência frágil, esguia e por fim muito bonita, com dentes muito brancos, brilhantes e um olhar forte que deixava muita gente impressionada. Não há como não lembrar você e o telefone preto.

Apesar de alguns poucos anos corridos ou muitos; você aos quatorze ou se muito quinze anos e muito mais tagarela em comparação de hoje, podemos dizer convictamente que você é muda hoje perto daquela época. Posso agora mesmo sem fechar meus olhos, ver você sem parar pra respirar, com pequenos espasmos pela falta de ar, concentrada, pois o tanto de assunto impunha certo controle respiratório e muita atenção. O mais interessante é que uma de suas mãos, a livre, acompanhava a conversa ao mesmo tempo, fazia desenhos no ar com movimentos poéticos e ou como estivesse regendo uma banda de rock. Suas pernas longas cruzavam-se e descruzavam-se, devia ser pra poder fazer o sangue circular melhor pelo resto do corpo, afinal certamente por ficar um tempão na mesma posição pressionada, pois a poltrona, que com certeza não era a mais confortável e muito menos apropriada para longas conversas, te faziam certamente sentir dores e formigações pelo corpo, o que de certo modo não a atrapalhava, pois o papo devia ser dos mais interessantes, mantinha-a ali, atenta ao assunto, tanto que me cumprimentou apenas com um oizinho e um sorrisinho, sem graça, nada muito diabólico, senão pelo olhar imponente de uma jovem em plena descoberta de si, e uma breve interrupção, respondendo segura a quem estava do outro lado dos fios:

___ Não foi nada, é meu primo que chegou.

Não ser um evento importante em tal situação já era ser alguma coisa, eu sabia que você não estava me relegando ao segundo andar da importância, você só queria continuar. E continuou.

___ Então, diga amiga! Perguntou estarrecida;

___ Verdade?

Acho eu até que foi você quem criou essa expressão, amiga! E por fim declarou muito segura;

___ Eu sabia! Eu sabia! Não te disse? E respondendo a quem fosse do outro lado do fio, me apresentou pela primeira vez, talvez por ter sido perguntada.

___Sim, Aquele que eu te disse que ia vir pra Cuiabá, sim esse mesmo, mas continue me contando, o que aconteceu depois? Prosseguiu seu assunto sem parar.

A musica, nem alta nem baixa, competia com a sua voz, que certamente não se importava muito com o som; da musica claro! Rita Lee e seu recém lançado disco Tutti Frutti e o Fruto Proibido, na agulha mandando ver, “Esse tal de Rock Enroll”. Coitada da Rita fazia o que podia pra tentar se fazer ouvir e você nem aí pra ela. Sorte que ela tava noutra com o Roberto e já tinha faturado bastante. O único que se importava com a situação era aquele cachorro esquisito da raça Pequinêz; Bob ou Pop não sei exatamente, acho que é Pop, sei lá, alias hoje posso dizer sem criar muita polemica, que na verdade, o Pop era um ser extraterrestre, um alienígena vindo de outra constelação. Peludo pra caramba, branco com manchas negras, ou vice versa, um olho cego, focinho amassado, um mau humor tremendo, e por fim até bonitinho guardado as devidas proporções de tão estranho que se apresentava. Ele sim, o Pop, com seu olhar único, feito Ciclopes, sem ser maldoso e sendo, se bem me lembro, fitava você prima, que sempre sorridente e dona de um circulo de amizades invejável, parte considerável da sociedade Cuiabana, entre outros grupos de grande importância social, realizava seu interlúdio congregador certamente com o propósito de fechar um final de semana muito interessante.

E como é bom recordar de tudo isso, o Pop, o piano sem calda, o corredor com seu piso decorado e um ar de tranqüilidade, sempre de saudade e de um tempo de paz. A tia o tio, o Vando aprontando e a Elibene estudando, claro. O terreno ao lado, a máquina de arroz. La na frente, numa das esquinas a casa do Roberto, primo do Pamonha, irmão do Armindinho, filho do seu Armindo Sebba, que morava em frente da Ginha e da D. Morena, Teia, Diga, Tetê, Teté do Dinho, irmão do Oscar e se eu continuar não sei quando vou parar de fazer as relações. Eu sempre que quando quero me recordar de Cuiabá e daqueles tempos, vejo esse cenário em minha mente, as festas que eram denominadas “Brincadeiras”, lembra prima?

Como eram boas, e passou como tudo passa e continuará a passar, mesmo quando não mais aqui estivermos pra lembrar. E suas amigas, nossa, eram tantas, olha se tivesse Orkut aquela época você teria de abrir uns dez diferentes. E é aí que eu fico famoso. Isso era bom afinal eu era seu primo né! Tudo bem que existiam outros primos seus, mas eu assumo que o primo era eu, pelo menos eu acho. Aqueles que diziam, “é o primo da Cátia O... Esse primo era eu sim, vou patentear essa versão, apesar de ter mais dois irmãos, mas acredito piamente que aquele primo era eu, pelo menos me diziam depois:

___ Você que era o primo da Catia O...? E eu dizia sim sou eu... Com orgulho claro, afinal era minha referencia dentro da cidade. Ainda semana passada, isso mesmo prima, alguém me disse assombrado, como se eu fosse um artista de cinema.

___Você que é Ricardo primo da Cátia O...? E exclamou... Nossa!

Minha filha esses dias, na casa de uma amiguinha, quando disse que eu era o primo da Cátia O..., a mãe da amiga disse.

___Seu pai é o Ricardo primo da Catia O...? Nossa! De novo.

Eu não sei nem por que o tal do, “nossa”, espero que seja bom.

Quando ia a alguma festa, na entrada eu, sabido dizia pra me identificar:

___ Ola, sou primo da Cátia O... E a porta se abria com a maior facilidade. E eu escutava; a minhas costas;

___ Quem é ele afinal? O outro da portaria perguntava.

___ É o primo da Cátia O... poxa! Respondia ele sem mesmo entender porque me deixou entrar. Como barrar o primo da Cátia Orro, com que audácia?

Afinal eu era mesmo o seu primo e exercia todo o direito de ter esse titulo de nobreza. A gente prima, da o valor a certas coisas que não deveríamos dar valor. Como tem coisas efêmeras que nos defrontam durante a vida, que depois de um tempo são tão insignificantes e sem importância, que pareciam serem muito necessárias e na verdade nada significam realmente. Enquanto momentos como esses que vivemos, que não estão em cartório, mas ficam registrados e se não nos lembrarmos de lembrá-las, nossa história fica vazia, e não seremos nada, porque não somos só advogados vitoriosos, doutores milionários, empresários de sucesso. Somos história, isso é o que fizemos talvez, mas somos alguém antes de todo esse rótulo e embalagem, somos pessoas comuns que são incomuns. Prima se soubesse o tanto que gosto hoje de ser o Primo da Cátia O...

Pra você ver prima, somos primos, somos ligados pelo que representamos juntos. Pra sempre e pra vida toda. Pra vida de muita gente e até pra posteridade, quem sabe...